segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Namorado, não!!!!!!

E deu uma gargalhada
a rainha do mar,
da ternura
Ela tinha certeza.

Ela ria de um rio
Enquanto o mar, o mar
Voava ao seu encontro
Ela duvidava dele.

O passo do amor é oco
é interesse
é prazer em cima de teatro
Ela tinha cansado (casado).

O fim da vida se chama
fidelidade:
Fidel, idade.
porque ele?

O namoro fiel
consiste em ser, ops...
Não!
Consiste em deixar de ser
de ser você
para ser de outro
Ela cagou para isso.

Nu na areia

Não havia lanterna
Não era fácil voltar
E tudo era rio
Não havia nada
dessa matéria pura
comprimida na garrafa
por correspondência
do sono

Passeando de bote
na pedra
e uma voz de sono
sem notícias do seu e perguntando
'tens vontade?'

Uma roupa ou um disfarce

Era uma coisa louca
pois a vida podia terminar
antes do amor
eu tenho saudades
da situação, do grupo de estudos,
de um beijo

Era tão irracional
rimar agrados com
cinzeiros abarrotados
(Nossa geração teve pouco tempo
Começou pelo fim).

Uma das verdades

tanto tempo de vida
pelo outro
vontade de continuar dormindo
com ele
costumava relembrar a infância
"tudo aquilo" não deixou
um traço sequer
não me deixava caminhar pela rua
Com um rapaz que eu conhecera
durante toda a minha vida
Era tudo verdade
Gostaria de fumar um cigarro
Teria sido melhor
Há muita coisa contra que lutar
Deixe de tentar ser justa
Agarre tudo aquilo de que necessitar
Ele fará o mesmo com você.

Hoje tem quatro letras e duas sílabas?

Meia noite
Fim. Ínicio.
de outro.
Olho o céu, nenhum indício.

Olho o céu:
o abismo vence o
olhar.
O mesmo espantoso silêncio

da Via-Láctea feito
um ectoplasma
sobre a minha cabeça:
nada ali indica
que um ano novo começa.

E não começa
nem no céu nem no chão
do planeta:
começa no meu coração.

Começa como a esperança
de vida melhor
que entre os astros
não se escuta.

Ouça meus conselhos

me mostrem um outro lado
- os seres humanos me assombram -
olhe fixamente as palavras
abraçe, chore e desabe no chão
sorria, não vai ser tão fácil
vou lhe mostrar uma coisa
continue tocando e, pare.
Acenda um cigarro
levante-se! ainda não!
- o que vocês estão olhando, seus babacas? -
Avance um passo, não corra!
Agora abra a boca e diga:
Eu te amo!

TPM

Eu deixarei o mundo com fúria
não importa o que aparentemente aconteça,
se docemente me retiro.
De fato.
Nesse momento.
Estarão de mim de arrebentando
raízes tão fundas
quanto estes céus brasileiros
Num alarido de gente e ventania
olhos que amei
rostos amigos e verões vividos
para que eu fique
para que eu fique

Não chorarei
Não há soluço maior do que despedir-se da vida.

Olhar

O que eu vejo
me atravessa
como o ar
a ave

O que eu vejo passa
através de mim
quase fica
atrás de mim

O que eu vejo
- a montanha por exemplo
banhada de sol -
me ocupa
e sou então apenas
essa rude pedra iluminada
ou quase
senão fora
saber que a vejo

E o título?

Sou pingente
minhas rimas são interiores
que carregam e descarregam
literal e metaforicamente
descrevem uma parábola no ar.
Isso pouco importa
quando uso a primeira pessoa
para poemas que gosto de chupar bucetas
infelizmente é isso.

Vícios

Em grilos,
Filhos mios.
Do amor vadio, pleno.
Chora a mãe do vazio.

Com o pai.
Do pai dos seus
dos meus, grilos plenos
no ar que já escureceu.

Sorriso nos lábios

Ele dormira logo
era pai e mãe.
Nenhum dos dois havia dito nada.
Estou aqui nesse quarto
Amando um homem que me amava
Construindo paredes nas janelas
por onde penetrava a alegria do sol.
Vi a outra sentada no canto do quarto.
- O amor é sempre novo
é preciso aceitá-lo,
porque ele é o alimento de nossa existência.
E nos salva.

Três vezes assassino

- Diga, por Deus, diga tudo!
Tinham que vasculhar tudo,
os quartos, os armários, as maletas.
O golpe foi duro demais e
é natural que ainda sangre.
As abelhas estão sempre presentes,
o zumbido é forte,
raiva permanente as mantém agitadas.
- Cuidado, muito cuidado!
É necessário sair logo, depressa,
mesmo que não tenha um rumo certo
Tudo aquilo afinal, está realmente acontecendo?
- Que disse?